Para François Laplantine, o autor de Antropologia da doença, esta ciência estuda a percepção e resposta de um grupo social à patologia, elabora e analisa modelos etiológicos e terapêuticos. Um modelo é: uma construção teórica, caráter operatório e também uma construção metacultural, ou seja, que visa fazer surgir e analisar as formas elementares da doença e da cura - sua estrutura seus invariantes tornando-o comparável a outros sistemas (Laplatine).
Segundo o livro do mesmo, responde também às preocupações atuais dos psicólogos, psicanalistas e psiquiatras brasileiros em ampliar, por meio do conhecimento etnológico, os diagnósticos dos conflitos individuais e coletivos, assim como compreender as resoluções destes conflitos nos recursos fornecidos pela própria cultura, algo que atinge nossos dias atuais.
Laplantine reconhece os efeitos da experiência transcultural, adquiridos no convívio social com diferentes expressões do ethos brasileiro, que o conduz à reflexão de sua cultura européia. o seu primeiro trabalho sobre etnopsiquiatria foi publicado em 1973; adquiriu novas direções enriquecedoras e foi repensado, após a interiorização desta experiência transcultural.
Em suas pesquisas realizadas no Nordeste do Brasil, Laplantine analisa a medicina tradicional desta região. Examina os significados conceituais de doença e cura: os recursos terapêuticas encontrados no contexto ritualizado da religiosidade popular católica do Nordeste.
Em São Paulo e Rio de Janeiro, Laplantine estuda a religião umbandista em sua dupla dimensão, como prática terapêutica e discurso religioso.
Laplantine encontra na produção dos deuses umbandistas e dos espíritos no kardecismo, e na arte religiosa do espiritismo, os vôos do imaginário de uma sociedade em busca de sua identidade.
Por: Rafael Lima
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